Da maré verde ao tsunami: Mulheres do PSOL marcam presença no 8M argentino
Com o objetivo de fortalecer os laços internacionais e promover a troca de experiências políticas feministas, uma delegação das Mulheres do PSOL esteve em Buenos Aires, para participar das atividades e manifestações do 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres.
12 mar 2024, 11:27 Tempo de leitura: 4 minutos, 32 segundosCom o objetivo de fortalecer os laços internacionais e promover a troca de experiências políticas feministas, uma delegação das Mulheres do PSOL esteve em Buenos Aires, para participar das atividades e manifestações do 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres.
A comitiva esteve presente em diversas atividades, e suas integrantes se dividiram entre agendas como reuniões com ativistas locais e rodas de conversa. Entre elas, um encontro com o Marabunta, organização da esquerda argentina, e Católicas por el Derecho de Decidir Argentina, organização autônoma, feminista voltada para a defesa dos direitos das mulheres e comunidades LGBTQIA+ no país.
Diante do primeiro 8 de março sob o governo de extrema direita de Javier Milei, Ornella Stefanazzi, militante das Católicas, destaca: “Estamos preparadas para defender e conquistar direitos diante de ataques fascistas e promotores do ódio. Nosso movimento está em crescimento e é capaz de agir como uma maré ou um tsunami quando necessário. Estamos aqui, resistindo!”.
O movimento feminista da argentina é um dos mais fortes e organizados de toda a América Latina e sob a ameaça de um governo autodeclarado antifeminista em que uma das primeiras ações foi extinguir o Ministério da Mulher, Ornella reflete: “Estamos claramente diante de uma situação de risco e de tensão permanente, porque estamos sendo colocadas em uma posição de inimigas públicas.”
As experiências das feministas argentinas têm servido de referência para os movimentos feministas de todo o mundo. Na construção da marcha do 8M, por exemplo, as argentinas relatam a participação de mais de 8 mil mulheres nas assembleias preparatórias que chegam a durar até 6 horas.
Na Plaza del Congreso, palco da marcha que foi completamente tomada por mulheres das mais diferentes regiões do país, viam-se faixas e cartazes das mais diversas organizações.
Integrante da comitiva da Executiva das Mulheres do PSOL, Aurea Augusta destaca: “Tem pautas diversas aqui no ato, bandeiras com pautas que vão da questão do aborto à questão da violência. Tem também discussões sobre alimentação e sobre a conjuntura atual do país. Estou muito impressionada com tudo que está acontecendo aqui.”
Sobre a situação econômica do país, que enfrenta uma grave crise social, a ativista das Católicas relata que há também um combate a tentativa de colocá-las como um movimento de elite, deslocado da realidade do povo, “Grande parte das demandas do movimento neste momento têm a ver com o acesso à comida, à saúde, à educação, à moradia e a defesa dos direitos conquistados.”
Muito parecida com a experiência brasileira, onde os movimentos feministas emplacaram pautas relacionadas ao combate à pobreza e à fome, sob o governo de Bolsonaro. As feministas argentinas têm ampliado seu escopo de demandas que se interseccionam às questões de gênero e que colocam o movimento como um defensor de um novo projeto de vida e de mundo, como destaca Ornella.
O manifesto do 8M reivindicou um feminismo internacionalista, com repúdio ao genocídio que acontece em Gaza, e Paula Kaufmann, integrante da comitiva, lembrou da importância da luta feminista internacional contra a extrema direita. “Aqui na Argentina há um forte 8 de março contra o Milei, um governo que em seus primeiros meses tem atacado as mulheres e os trabalhadores. E no Brasil, a nossa luta é para derrotar de vez a extrema direita e o bolsonarismo”, disse.
Quem também integrou a comitiva foi a deputada federal pelo PSOL-RS, Fernanda Melchionna, que apontou para a política de Milei, com ataques aos trabalhadores e sua agenda ultraliberal. “A gente precisa seguir enfrentando o bolsonarismo, e a gente sabe que parte dessa luta também é enfrentar o Milei, e estamos aqui, demonstrando o nosso internacionalismo de forma concreta, ativa, no chão, ao lado das companheiras. Viva a luta das mulheres!”, afirmou.
Momentos antes do início da concentração, uma parte da delegação esteve em um encontro com a, cientista social, jornalista e militante do movimento Ni Una a Menos, Veronica Gago, que fortaleceu as relações entre as Mulheres do PSOL e o movimento de mulheres da argentina e enriqueceu o intercâmbio de experiências.
De acordo com as organizadoras da marcha, o 8M de Buenos Aires contou com a participação de cerca de 400 mil mulheres, uma das maiores manifestações recentes dos movimentos sociais do país.
O direito ao aborto, conquistado pelas argentinas em 2020 e que deu início à chamada maré verde nos países da América Latina que seguiram os mesmos passos, simbolicamente representado pelos pañuelos verdes que pintaram as ruas do entorno da Plaza, também teve destaque, mostrando a persistência das feministas argentinas em reafirmar esse direito, mesmo após três anos de sua conquista.